sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capítulo 6

Soares descobriu finalmente quem era seu pai. E estava a um passo de saber quem ele realmente era, de onde veio, como sua família passa o natal, seus costumes e loucuras, enfim, todas as perguntas que tinha em sua cabeça desde o dia em que descobriu que fora adotado pela família de Jô, Nô, Pô, Lô, Blá e Clá Soares.

Descobriu ainda mais. Era um mago. Descendente de uma grande família de magos. E que seu pai queria prendê-lo. Não sabia o que significava isso tudo.

***

As garotas ainda conversavam com Larry Blotter e não conseguiam acreditar no que ele estava dizendo. As palavras que saiam da boca de Larry eram horríveis.

- Saí de férias e resolvi pegar uma praia. Bronzear-me um pouquinho. - Dizia o rapaz mostrando seus braços bronzeados.
- Ah. Entendo.
- O que irá acontecer com meu amado?
- Isso eu não sei.
- O que você quis dizer quando falou que ele poderia estar em perigo?
- Que algo poderia acontecer com ele.
- O que?
- Já disse que não sei.
- Mas tá difícil uma conversa boa por aqui. - Lita estava achando complicado conseguir arrancar de Larry Blotter uma informação segura.
- Olha, sendo ele neto de Bartholomeus, filho de Garbarthier, tá bem enrascado.
- Mas ele é neto de Pô e filho de Nô.
-Essa é sua família de criação. Ele é descendente de uma raça de magos.
- Hum... Não estou gostando disso. - Lita Ree estava começando a ligar os pontos.
- Como assim, Lita?
- Nada não.
- E qual o problema de ter Bartholomeus como avô e Garbarthier como pai?
- É que uma maldição caiu sobre essa família.
- Maldição?
- Sim. Após praticar um ato proibido, Lorde Garbathier pôs sua família em risco.
- Como assim?
- Ele invocou um ser maligno supremo ao Japão Dois.
- Sim. É verdade. Eu também soube. - Enfim Larry estava contando algo útil.
- Que loucura.
- E, para destruí-lo, o pai de Garbathier, Bartholomeus, absorveu o monstro.
- Nossa. Mas aí tudo bem, né?
- Não. Lorde Kitchenbabe, irmão de Garbathier, morreu no processo.
- Nossa.
- E o monstro dentro de Bartholomeus pode acordar a quaquer hora.
- Que história terrível. Mas o que isso tem a ver com Ricardo?
- Ricardo é o último descendente dos Soares.
- Hum. Então é um problema mesmo.
- Só se ele cair nas mãos de Garbarthier.
- Ah, mas ele é forte.
- E tem um artefato para ajudá-lo. - Larry lembrou-se do sonho invadido.
- Não tem como Ricardo Soares ser pego por Garbarthier.

***

Enquanto os outros discutiam e criavam cenários prováveis em suas cabeças, e erravam completamente em suas previsões, Ricardo Soares tinha uma conversa bem interessante.

- Qual seu nome mesmo? - Ricardo Soares perguntava.
- Garbarthier.
- E foi você quem me pegou?
- Isso.
- E não vai me soltar?
- Não.
- Você sabe quem sou?
- Sei.
- Sabe que sou neto de Bartholomeus?
- Claro que sei.
- Sabe que sou seu filho?
- Hum-rum.
- Ah, então tá.

***

Tablita era uma pilha de nervos. Não sabia se ia ou se ficava. Não sabia se ficava ou se ia. Queria pedir ajuda aos seus novos amigos, mas achava isso meio sem educação.

- Olha. Sei que você acha meio sem educação pedir ajuda pra gente, mas nós vamos com você.
- Isso Lita. Eu também vou. - Larry tinha um plano em mente e precisava parecer amigável para concluí-lo.
- Ai gente, obrigada.
- Mas só vou se puder tomar um café antes. - O plano começava a ser colocado em prática.
- Ah, um café seria bom. - Tablita havia notado algo de estranho na situação. Mas gostava muito de café.
- Faz um café pra gente Lita. - Larry tentava conseguir o que queria. A vida eterna. E o artefato de Lita Ree.
- Não posso.
- Porque não?
- Porque estou sem açúcar.
- Ah, não tem problema, eu saio pra comprar.
- Ah, você faria isso, Larry? Que bom garoto.

E lá se foi Larry Blotter atrás do açúcar que traria a vida eterna para ele. O artefato de Lita Ree seria dele de uma vez por todas.

- Lita, o Larry tá te enganando pra roubar seu artefato.
- Eu sei.
- E o que você vai fazer?
- Vou enganá-lo para que ele nos leve facilmente para o Japão dois.
- Como assim?
- Ele conhece um caminho secreto para lá. E deve fugir por esse caminho depois de roubar meu artefato.
- Ah, entendi. Então você quer fazer com que ele ache que está roubando seu artefato e fuja para que a gente o siga?
- Isso mesmo.
- Que ótimo plano.
- Meninas! Voltei com o açúcar! - O garoto havia voltado todo feliz do mercado, pensando que iria enganar Lita Ree e Tablita e que conseguiria seu artefato sagrado.

***

Ricardo Soares estava frente a frente com seu pai. Tinha milhares de perguntas para fazer e sentia uma grande vontade de abraçá-lo. Mas também sentia um grande ódio, por ter sido abandonado e viver sem saber de onde vinha, quem realmente era.

- Você deve ter várias dúvidas em sua cabecinha oca. - Disse Lorde Garbathier em tom de brincadeira.
- Sim, pai. Tenho muitas dúvidas. - Ricardo Soares estava sério.
- Deve querer saber por que te abandonei.
- É realmente isso que quero saber.
- Deve querer saber por que te dei um nome tão comum.
- É, isso também. Na verdade nem tinha pensado nisso, mas é verdade.
- Deve querer saber por que te prendi.
- Isso. Quero saber tudo. Começando do principio. Porque você me abandonou?
- Olha, isso é bem fácil de explicar, mas você vai ter que ser paciente e cooperativo.
- Decido se vou ser cooperativo depois que ouvir a explicação.
- Hum. Você é bem durão heim?
- Sou nada, murmeido. Sou uma pessoa doce.

***

Com um saco de açúcar na mão, um bule de café na outra, Larry Blotter corria em direção ao caminho mais do que secreto em direção do Japão Dois, o bondinho muscular. Larry havia roubado o bule de café de Lita Ree, numa manobra muito arriscada de lançamentos de encantos mágicos e corridas loucas em direções opostas e perpendiculares.

Achou fácil o roubo e estava feliz com o artefato adquirido, mas não podia parar. Devia seguir rapidamente para o Japão Dois e ficar no lugar de Lita Ree, como um dos magos dos seis picos da ingrimidade e solidariedade.

Tablita e Lita Ree estavam seguindo de perto Larry Blotter e ele nem desconfiava. Fingiram que foram enganadas e entregaram a Larry um bule comum, sem nenhum poder e que apitava quando o café estava pronto.

- Ele nem desconfia que nós estejamos seguindo-o?
- Não. Ele é meio bobinho.
- Mas bem poderoso.
- É, mas sou melhor.
- Claro Lita. Você é a melhor de todas.
- Você acha? Realmente?
- Realmente não sei. Porque não conheço todas as magas, mas gosto muito do seu trabalho.
- Ah, muito obrigada. É o reconhecimento que dá forças, sabe?
- Sei. Sei muito bem.

***

Lorde Garbarthier tinha um argumento muito forte. Mas Ricardo Soares não ia se deixar enganar pela primeira historinha que seu pai lhe contasse, queria saber de tudo.

- Você me diz que rolou um problemas com meu avô? - A história contada não fazia muito sentido para Ricardo.
- Sim. Você não sabe o tamanho da encrenca.
- E você só fez o que fez, pois queria me tirar dessa encrenca?
- Isso. Queria que você fosse um menino normal. E não passasse por esse problema.
- E por isso me enviou para outra família?
- Sim. Mas fiquei de olho em você o tempo todo.
- Ficou? Como?
- Tinha um dispositivo meu perto de você.
- Aquela coruja de um olho só que ficava na árvore do lado do meu quarto era sua?
- Não. Isso é coisa do seu vô. Eu tinha uma câmera escondida no seu quarto.
- O que? - O rapaz havia se assustado com a revelação de seu pai. Trancado no seu próprio quarto, não achava que poderia estar sendo observado.
- Assim eu podia saber o que ocorria com você.
- É... hum... é... que... bom, né?
- Você adorava suas revistas heim? - Garbathier tinha grandes dúvidas acerca do que Ricardo fazia naqueles momentos.
- Ah, é... Gostava mesmo.
- Qual assunto era tratado nessas revistas?
- Ah, o de sempre, o normal.
- Celebridades?
- De certa maneira sim.
- É sempre bom saber o que se passa nesse mundo né?
- Demais. É um mundo lindo.
- Que bom.
- É.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Capítulo 5

Partindo em busca do terceiro pico da ingrimidade e solidariedade, Ricardo Soares pensava no que Larry Blotter lhe havia dito. Pensava em Bartholomeus, que podia ser seu avô e a noticia de que ele era um mago de renome. Ricardo Soares pensava se podia ser um mago também.

Na verdade, desde criança ouvira um papo estranho, de que não pertencia à familia, e de que foi entregue ao seu pai por um homem esquisito.
Quis se lembrar da época de criança, do que ouvira em seu passado e, sem saber que estava sendo seguido pelos guardas de Anticocina, resolveu parar para descansar num bosque ultralindo.

- Você está preso cidadão. - Disse um guarda que seguia em sua direção.
- Calma. O que é isso? - Ricardo Soares achava que não havia dado nenhum motivo para ser preso.
- Somos os guardas de Anticocina. E estamos te prendendo.
- Por quê? O que fiz?
- É... hum... você... você infringiu o código 1324 do 234 parágrafo da constituição do Japão dois.
- E o que é isso?
- É... Nunca... é... nunca descansar num bosque ultralindo.
- Porque não posso descansar num bosque ultralindo?
- Porque não.
- Nossa. Que regra estranha.

***


A caminho do Japão dois, Tablita não podia deixar de pensar que estaria se distanciando ainda mais de seu lindo amado. Com isso na cabeça, ficou em dúvida se deveria realmente viajar ou esperar plantada em algum lugar pela volta de seu amado, que deveria estar procurando por ela. Lita Ree sabia o que se passava na cabeça de Tablita, mas não sabia o que dizer, pois não tinha namorado.

- Não sei o que dizer. - Desabafou Lita.
- Sobre o que?
- Sua dúvida acerca de ir ou ficar.
- Ah, tá.
- É que não tenho namorado.
- É... sua mãe já deixou isso bem claro. - Disse Tablita, um pouco sem graça.
- Então. Por mim você ia. Porque ficar parada não resulta em nada e talvez ele possa estar em perigo.
- Você acha?
- Acho. Pode ser que quando ele encostou na roda dourada da justiça ele foi parar em algum lugar perigoso.
- Hum. Pode ser.
Larry Blotter, que estava seguindo as duas fazia um tempinho, não pôde mais se conter, e saiu de seu esconderijo.
- Ah, não. Não agüento mais.
- Ah, Larry Blotter. - Tablita estava espantada.
- O que você faz por aqui, safadinho?

***


Sendo levado para a prisão de Anticocina, Ricardo Soares se viu cada vez mais longe de sair do Japão dois e encontrar Tablita. Percebeu que devia fugir, mas se a infração fosse pequena, desse para pagar uma multa e ir embora, era bem melhor.
Ao entreouvir uma conversa entre dois guardas que o levavam embora, adquiriu uma novidade que o fez gelar por dentro.

- Conhece esse ai? - Disse o primeiro guarda, apontando para Ricardo Soares ao fundo do veículo.
- O cara que a gente prendeu agora?
- É. Os rumores dizem que ele é neto de Bartholomeus.
- De Bartholomeus?
- É. Mandaram-nos procurá-lo porque o rapaz é importante.
- Tava pensando aqui. Se ele é neto do Bartholomeus, o pai dele é... - O guarda estava próximo de revelar um grande segredo.
- Shhhhhhh. Quieto.
- É o nosso mestre!
- Cala a boca. Lorde Garbarthier não quer que ninguém saiba que seu filho está aqui.
- Meu Deus, que loucura.

***


Tablita e Lita Ree estavam embasbacadas com o que viram e ouviram. Larry Blotter estava seguindo as garotas e sabendo de todos seus segredos e planos.

- Seu safado. Você ficou ai escondido escutando todos nossos segredos e planos. - Lita Ree estava furiosa.
- Sim. Fiquei e não agüento mais. - Larry queria desabafar. E além disso tinha um plano secreto.
- Porque não agüenta mais? - Tablita queria, com essa pergunta, ver se conseguia tirar informações do rapaz.
- Porque não suporto esse Ricardo Soares. Ele encostou na roda dourada da justiça, foi pro Japão dois, se encontrou com um mago descuidado cozinheiro, ganhou um artefato, entrou no meu sonho e ainda namora uma menina tão linda.
- Ah, obrigada, Você é muito gentil.
- Que gentil que nada. Ele tava seguindo a gente. - Lita não seria enganada pelo rapaz tão facilmente.
- Mas ele disse que sou linda. - Tablita não estava tão preocupada com esse tipo de coisa.
- Você percebeu o que mais ele disse?
- O que?
- Ele disse que Ricardo Soares está no Japão Dois.
- Ah, deixei isso escapar. É que fiquei meio bravo. O cara tá fazendo tudo o que quero e nem se dá conta.
- É a vida, né?
- Yes! Agora sei onde está meu amado. - A frase inexperada de Larry Blotter mostrou a Tablita onde procurar. O encontro dos dois ficava cada vez mais próximo.
- Se fosse você não ficaria tão feliz. - Essa frase de Larry já freava toda a expectativa que se criou no coração da garota.
- Por quê?
- Porque seu amado deve estar em perigo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Capítulo 4

Somente em filmes, em desenhos e seriados Tablita viu algo parecido como uma bola de cristal. Estava extasiada. Mas não queria demonstrar, queria parecer cool na presença da bola de cristal.
Queria se parecer um pouco com Lita Ree, que era bastante cool em sua opinião. Chegando perto do local em que a bola se encontrava Tablita se coolou.

- E ai, ansiosa para ver a esfera que te mostra as coisas?
- Não. Whatever. – Tablita estava forçando demais. Isso era o contrário de cool.
- Hum. Achei que você tivesse curiosa para ver a bolotinha que passa em sua superfície o que acontece no universo.
- Pode ser. Não sei. Qual é? – Mais uma tentativa frustrada.
- Qual é o que?
- Nada. Sei lá.
- Então vamos lá, ver a redondura que te traz em tempo real o que se passa a sua volta.
- É uma bola de cristal. Bo-la-de-cris-tal. Como é tão difícil de decorar um nome tão simples?
- É que não me apego a essas coisas, nomes, materiais, esferas, bolas e afins, whatever baby. – Lita sabia ser cool.
- Vamos lá, que estou doida para ver essa bola de cristal.
- Não tinha uma música da Xuxa que chamava bola de cristal?
- Era lua de cristal.
- Que me faz pensar?
- Sonhar. Mas é impossível existir uma lua de cristal.
- Você que pensa. Existem várias luas de cristal.
- E elas te fazem sonhar?
- Só quando você dorme.
- Hum.

***


Respondendo perfeitamente a todo o questionário, com a ajuda de um biólogo bem receptivo, Ricardo Soares finalmente conseguiu o segundo artefato e estava cada vez mais perto de sair do Japão Dois, em busca de Tablita.

- Wow murmeido. Nota 10? - O mago descuidado cozinheiro gostava do que via. Saber biologia, para ele, era uma coisa muito importante.
- Estava bem focado e feliz.
- Sei. - Ele não conseguia acreditar completamente na história de Ricardo.
- É verdade.
- Me conta a verdade, caritcha.
- Essa é a verdade. Eu sabia a maioria, chutei algumas e pronto.
- Então tá. Aceito sua nota 10. E te darei o artefato.
- Yes. Sabia baby.
- Tome. Esse é o garfo do guia total e inequivocado.
- Nossa, que nome malucoide.
- Esse artefato serve para te guiar facilmente para qualquer lugar que você quiser.
É só pensar no lugar que ele te guia.
- Nossa. Adorei esse artefato. Agora posso andar por ai mais facilmente.
- Isso mesmo. Agora vá, vá e ganhe o mundo.
- Irei-me, dondoco. – Ricardo Soares segue seu caminho, sem saber que estava sendo testado.
- É, está ai Lorde Kitchenbabe. Esse é o nosso salvador. O modo como ele utilizou-se do artefato de Vladmir para passar no meu teste foi incrível.

***


E era linda. Não, mais que linda. Supermaravilinda. A bola de cristal. Tablita fingiu que não achou nada de mais, mas gostou. E muito. Lita Ree não se surpreendeu com a bola de cristal, porque já a tinha visto desde criança, pois a bola de cristal era um pertence de sua querida mãe Louis Ree.

- Mãe. Precisamos de um favor. - Lita não gostava muito de visitar sua mãe.
- O que foi, minha querida?
- É... Temos que achar...
- Olhe! - Interrompeu a mãe de Lita Ree. - Que menina linda que estou vendo aqui! Qual seu nome, bebê?
- Meu nome é Tablita. - A garota parecia um pouco desconcertada com a desenvoltura da mulher.
- Que lindinha.
- Obrigada.
- Mãe? Posso falar? - Lita percebia que Tablita estava desconfortável.
- Claro filhotinha. Mas eu tinha que me apresentar à sua namoradinha primeiro.
- Ela não é minha namorada, mãe. Eu sou hetero. - Lita também estava desconfortável.
- Mas eu nunca te vejo com homens.
- Você nunca me vê com homens porque eu não fico saindo por ai com homens toda hora.
- E você, minha querida? É homo ou hetero?
- Hetero, e tenho um amado.
- Hum. Tá vendo, Lita? Ela tem alguém. Diferente de você.
- Ai mãe, me deixa.
- Não sei por que você tem que ser assim. Eu só quero te ajudar.
- Se você quiser me ajudar, encontre o amado de Tablita com sua bolota que pode te mostrar as coisas que não pertencem ao passado nem presente, somente ao futuro.
- Nossa, você exagerou agora, heim Lita?
- É mesmo Tabs. Até eu fiquei assustada.
- Ah, é isso que vocês querem? É impossível.
- Porque, senhora Louis?
- Porque eu prometi aos magos descuidados cozinheiros que nunca mais a utilizaria.
- Ah, por causa da loteria?
- É.
- Mamãe usou a esfera que te mostra as coisas para ver o resultado de todas as loterias do mundo e ganhou 100 trilhões em 1 dia.
- Nossa.
- Mas os magos idiotas acharam que era contra as regras e não me deixaram usar mais a redondura.
- Eu ainda acho que eles estão certos.
- E não tem jeito de achar meu amado?
- Tem sim. É só pedir para os próprios magos a permissão para utilizar a esfera que te dá a oportunidade de ver as coisas.
- Isso quer dizer que temos que viajar até o Japão dois.
- Nossa.
- Não fique com medo gata. Lá é bonito.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Capítulo 3

Tablita já não aguentava mais aquele cativeiro. Queria dormir. Dormir e sonhar com seu amado e esquecer todo esse problema que apareceu em sua vida. Larry Blotter já estava dormindo. Dormindo e pensando em Lita Ree e no bule da eternidade e supressão de ruído.

Vendo isso, Tablita pensou que essa seria sua grande chance de escapar. Viu que as chaves de sua cela estavam perto. Poderia alcançá-las se fizesse um esforço. Depois de pegar as chaves, abriu sua cela. Na hora de escapar um vulto surgiu na sua frente. Tablita não podia acreditar. Era Lita Ree.

- Lita. O que está fazendo aqui? - Tablita estava espantada e maravilhada. Tudo ao mesmo tempo.
- Vim te salvar, bonequinha. - Lita Ree realmente havia gostado da garota. Estava surpresa com isso.
- Lita, Je te adore.
- Também estou com sono.
- Não.
- Sim. Agora vamos.
- Vamos. Vamos sair daqui e achar Ricardo Soares.

No exato momento em que as meninas se encontram, Larry Blotter deu uma remexida em sua cama. Remexeu mas não acordou. Parecia que algo havia acontecido em seu sonho. Algo que o perturbou. Para sempre.

- Ih, vamos sair rápido que esse cara tá muito estranho.
- Vamos, Lita.

Momentos antes de Tablita fugir com Lita Ree, Ricardo Soares planejou entrar em seus sonhos para saber onde sua amada se encontrava e dizer que estava tudo bem.

Como Tablita não dormiu direito, Ricardo Soares foi reenviado para o sonho mais próximo, o de Larry Blotter. Era tudo estranho. Vários bules, de todas as cores e formatos, que não apitavam, dando a vida eterna para um menino de óculos e cicatriz no queixo.

- Quem é você que interrompe meu sonho? - O imortal Larry, pelo menos no sonho, era um pouco mais imponente que na vida real.
- Sou Ricardo Soares. - Apesar de toda a imponência de Larry, Ricardo estava tranquilo.
- Da família Soares, que povoa o mundo de modo digno?
- Sim. - O rapaz gostava que sua família era conhecida mundialmente.
- Conheço seu avô.
- Bart Soares?
- Que Bart o que. Bartholomeus. O palhaço mago descuidado cozinheiro que fez o hambúrguer perfeito.
- Bartholomeus? Hambúrguer perfeito? - Ricardo começava a desconfiar de algo.
- Isso. Ele é muito famoso.
- Gente, será que o fantasma que me ajudou a ganhar a espátula da consciência e inconsciência múltipla é esse cara?
- Você tem a espátula da consciência e inconsciência múltipla? - Larry ficou muito assustado com essa revelação.
- Tenho. É por isso que estou em seu sonho.
- E o que você faz em meu sonho?
- Ah, foi um engano. Queria entrar no sonho de minha amada, mas sem querer fui parar no seu. Estranho né?
- É. - Larry não achava tão estranho assim. Estava desconfiando de algo. Não era apenas coincidência.
- Ah, então tchau. Vou ver se acho o sonho de minha amada.
- Espere. Qual o nome de sua amada? - Larry parecia ter matado a charada.
- Ah... é Tablita.
- Tablita? - Havia acertado em cheio.
- Isso. Por quê?
- Nada não.

***

Tablita e Lita Ree estavam correndo. Correndo e conversando sem parar.

- Ele é bonito. Mas prefiro o Brad Pitt. - Tablita se divertia horrores com Lita Ree.
- É. Ele é bonitão mesmo. Mas eu gosto é de morenos.
- Ah.
- E Ricardo Soares? É bonitão?
- Muito. Tipo um Deus grego.
- Alemão?
- Não, grego.
- Ah tá.
- E esse Larry Blotter?
- Ah, ele é feio. - Lita fez uma cara feia.
- Não. O que ele quer com você?
- Quer meu artefato.
- Isso ele me falou. Mas por quê?
- Porque ele quer tomar conta do meu pico.
- O seu pico?
- É, o pico da ingrimidade e solidariedade.
- E o que tem de bom nesse pico?
- Nada. É só o status.
- E onde fica esse pico?
- No Japão Dois.
- Ah. Ricardo Soares já me falou do Japão Dois.

***

Ricardo Soares não conseguia encontrar o sonho de sua amada. O motivo podia ser que Lita Ree e Tablita estavam tendo uma festa do pijama e ficariam acordadas a noite toda.

Desistiu dessa sua idéia e resolveu ir atrás do segundo artefato para sair logo do Japão Dois. Passou por uma floresta que continha plantações de pequenos bolos quentes e sorvetes. Encontrou novamente o mago descuidado cozinheiro.

- O modo de falar é tipo polido? - Agora Ricardo tomava cuidado, pois não era todo mundo no Japão dois que aceitava seu modo de falar.
- Não, bolotinha. É casual chique. - O mago descuidado cozinheiro era do tipo amigão.
- Ah. Mucho gusto.
- Mucho mesmo.
- Tens o artefato para dar-me?
- Tenho. Queres ganhá-lo de modo feliz?
- Sim.
- Quer ficar na hipe dos amantes de artefatos?
- Não. Só quero achar minha amada.
- Ah.
- Vou coletar os artefatos e ir encontrá-la.
- Understand. Vamos ao teste?
- Vamos. O que eu devo cozinhar dessa vez?
- Cozinhar? Nada. Esse é um teste escrito. De Biologia.
- Nossa. Pra isso eu não estou preparado. - Ricardo Soares não era um bom aluno de biologia. Até gostava da matéria, mas não era perito.
- É de múltipla escolha.
- Ah. Melhorou. - Agora poderia contar com a sorte, alem de seus poucos conhecimentos sobre o assunto.
- Toma a prova. Boa sorte. Se eu te pegar colando você não passa de ano.
- Ok. Vou fazer a prova de forma sensata.
- Espero de coração.

***

Depois de fazer uma festança, se divertir horrores, Tablita ficou um pouco triste. Queria seu amado do seu lado. Lita Ree percebeu isso e perguntou:

- Está com saudades do Deus alemão?
- Grego. Deus grego.
- Isso. Está triste por causa dele?
- Sim. Quero encontrá-lo logo.
- Vou arrumar isso pra você.
- Como?
- Com a ajuda da esfera redonda bolotinha que te mostra as coisas.
- Uma bola de cristal?
- Isso.
- E isso existe mesmo?
- Claro.

***

Não sabendo nenhuma resposta para nenhuma pergunta, Ricardo Soares se achava perdido. Tão perdido que se estivesse na floresta do auto-encontro não se encontraria.

Estava desesperado e com coceira. Se coçando, utilizando sua espátula, teve uma idéia. Ia entrar num sonho de um biólogo e ver se ele tinha as respostas para as perguntas da prova.

- Quem é você? - O rapaz estava assustado com aquela aparição no meio de seu sonho.
- Meu nome é Ricardo Soares e preciso de sua ajuda.
- Como você entrou no meu sonho?
- Com a espátula da consciência e inconsciência múltipla.
- Ah.
- Me responde algumas perguntas?
- Sobre o que?
- Biologia.
- Manda truta.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Capítulo 2

Pensando bem, Ricardo Soares sabia exatamente porque estava no Japão dois. Há alguns anos atrás, viu uma reportagem na TV dizendo que os japoneses conseguiram construir uma réplica de seu país e ficou extremamente confuso, abismado e curioso para saber como era isso. Suas curiosidades eram:

1 - Saber se era tudo igualzinho ao Japão.
2 - Ver se não tinha algo que eles não conseguiram copiar e rir da cara deles.
3 - Saber quem eram os habitantes do país.
4 - Ver se a grama era mais verde do que a do Japão um (antigamente só Japão)

E como a roda da justiça te dá o que você quer mas não sabe, ele sabia que, sem saber, estava desejando ir para lá. Se ele não soubesse que queria salvar Tablita, sabendo que queria, ele sabia que iria para lá. Mas não foi. Agora tinha que sair do Japão dois e reencontrar sua amada.

- Oi mano japa dois. Como vai?
- Vou bem. E você você?
- Eu eu?
- Ah, me desculpe. É que os habitantes do Japão dois às vezes repetem as palavras.
- Mas falei com um mano aí que não repetia nada.
- Ele deve ser turista.
- Hum, entendi mano. Não precisa se desculpar.
- Ah, que bom bom.
- Você tá me chamando de bombom?
- Não, é a repetição de novo. Quis dizer bom bom.
- Que?
- Nada não não. Então, o que você faz por aqui aqui?
- Ah, fui trazido para cá pela roda dourada da justiça.
- Hum. Que interessante.
- É, mas preciso ir embora embora. Ih, Meu Deus, peguei essa mania.
- Acontece.
- Preciso ir embora.
- Ah, é impossível.
- Por quê?
- Para isso você precisa pegar os cinco artefatos sagrados com os cinco magos descuidados cozinheiros passando os seis picos da ingrimidade e solidariedade solidariedade.
- Seis picos?
- É, mas um não tem nada.
- Ah.

Sabendo que tinha feito uma amiga, Tablita percorreu o restante da floresta do auto-encontro feliz. Infelizmente, tinha algo que a aborrecia. Onde estaria seu amado? Pra onde Ricardo Soares teria ido? Será que ele desistiu de salvá-la? Não, isso não. Tablita sabia que seu amor era grande demais para isso. Passando por uma barraquinha de hotdog e faminta, Tablita parou subitamente.

- Oh, hotdogs! – Tablita nem notou que era esquisito ter um vendedor de hotdogs no meio de uma floresta.
- Yes, baby, milady. – O rapaz era escolado.
- Como estás, ó cidadão? - Tablita tentou se mostrar escolada também. Vai que ele gostava dela e lhe daria uns hotdogs.
- Estou bem, ó maninha. Queres um hotdog?
- Por favor, estou com muita fome.
- Tome. Coma, coma bem, para ficar fortinha.
- E crescer?
- Não, só ficar forte.
- Ah.
- Nossa, que fome heim? Ta devorando meus Logwartdogs.
- Logwartdogs?
- É. Sou o Larry Blotter, não sabia?
- Não.
- Ah. E então, o que faz por aqui, donzela perdida?
- Estava na casa da Lita Ree.
- O quê?
- Lita Ree.
- Lita Ree? Lita Ree? A que todos procuram, mas nunca acham? Que vim encontrar?
- Sim. Ela mora... É... Espere. O que você quer com ela? – Tablita ficou desconfiada.
- Onde ela mora? Onde? – Larry pirou de repente.
- Não posso te contar enquanto você não me disser o que quer com ela.
- É... quero dar umas flores pra ela.
- Duvido.
- Me conte menina. Senão...
- Senão o que?
- DESCANSARDITES PERNOITASTES!

***


E lá se foi Ricardo Soares atrás dos seis picos da ingrimidade e solidariedade, para tentar sair do Japão dois e resgatar Tablita. Ele não conseguia entender porque tinha que passar por isso tudo apenas para sair de um país. Mas sabia que era um ótimo jeito de segurar seus turistas.

Chegou à primeira floresta do primeiro pico e percebeu diversas plantações de hambúrguer, de alface, de queijo, de molho especial, de cebola, de picles, de pão e de gergelim. Achou muito tudo isso gostoso e estranho.

Chegando ao topo do pico, avistou ao longe, mas com um olhar bem próximo, o primeiro mago descuidado cozinheiro, chamado Vladmir.

- Hello, amizade. – Ricardo já apresentava todo seu charme.
- Respeito com o grandioso mago descuidado cozinheiro da terra do HAQMECPPG. – O mago parecia rígido.
- Oh, me desculpe. Achei que fosse casual chique o modo de falar.
- Não. Nunca foi e nunca será. Mas até que pode ser.
- Ah, belezóide.
- Bele... é... zóide, amizade.
- Isso ai.
- Hahahaha. Que divertido. Qual seu nome, viajante?
- Ricardo Soares. Da grande família Soares que povoa o universo de modo digno.
- Sei muito bem. Meu nome é Vladmir.
- Oh, senhor Vlad. Queria o artefato que o senhor possui para ir-me emboritcha.
- Você quer o artefato para ir embora?
- Sim. É que tenho que salvar minha amada.
- Ah, ok ok. Mas para tal você necessita de passar no super teste do super mago.
- Teste?

***


Tablita mais uma vez acordava em um lugar estranho, sem saber o que lhe aconteceu, com um cheiro estranho a sua volta. Mas agora não era café, era um cheiro de colônia masculina, um cheiro puro e selvagem de colônia masculina, utilizada em abundância por ingleses. Assim, achou que estava na Inglaterra. Mas não estava, estava no cativeiro de Larry Blotter, o mago maligno que queria capturar Lita Ree.

- O que você fez comigo, seu bruto?
- Apenas te botei para dormir com meu encanto de mago.
- Encanto de mago?
- Encanto de mago.
- Então você é um mago?
- Sim, claro que sou um mago. Só magos podem ter encantos de Magos.
- Faz sentido.
- Claro, sou um mago.
- Tá. Deixa esse negócio de mago pra lá. O que você quer de mim?
- Quero saber onde está a Lita Ree.
- Não posso te dizer. Sinto que você tem intenções malignas para com ela.
- É claro que tenho. Sou um mago maligno.
- Para com isso de falar que é mago. Eu entendi que você é um mago.
- Maligno.
- Tá, que seja.
- Então me fale onde ela está.
- O que você quer com ela?
- Quero o artefato que está com ela.
- Artefato?
- É. Assim vou poder ser um dos magos descuidados cozinheiros do Japão Dois.
- O que?
- Você não entenderia. É um negócio de mago.
- Ah.

***


Correndo contra o tempo para realizar o teste, que era fazer um sanduíche que agradasse o mago descuidado cozinheiro da terra de HAQMECPPG com os alimentos plantados na sua floresta, Ricardo Soares estava completamente exausto.
Mas sabia que devia continuar, pois era seu futuro e o futuro de Tablita que estavam em jogo. Tentou fazer a combinação de três hambúrgueres, nove alfaces, duzentos queijos, dois molhos especiais, pouca cebola, muito picles, em três pães, sem gergelim.

Achou Big, mas não tão gostoso. Pensou em fazer diferente, com sete hambúrgueres, dois alfaces, cem queijos, um tanto bom de cebola e picles, em meio pão com dois grãos de gergelim, mas achou muito Mac.

Se movendo para achar a combinação perfeita, Ricardo Soares encostou, sem saber, na árvore em que residia um espírito, aparentemente.

- Quem me acorda a essa hora? - Um fantasma aparecia por trás da árvore em que Ricardo Soares encostava.
- Oh, meu Deus! Quem será esse fantasminha camarada? - Ricardo rezava para este fantasma ser igualzinho o Gasparzinho.
- Meu nome é Bartholomeus. Tenho ânsia pelos seus.
- Meus o que?
- Não precisa se alarmar. Era só pra rimar.
- Você é doido?
- Não, sou um amigão.
- Ah, então você poderia me ajudar com uma questão. - O rapaz resolvera entrar no jogo das rimas.
- Rimando também? Gostei neném.
- Preciso fazer um hambúrguer de morrer.
- Não se assuste não. Tenho a solução.
- Ah esse negocio de rima já cansou. - Desistira rapidamente do jogo de rimas.
- É... eu sei. É que quando eu era vivo não tinha nenhuma marca registrada. Queria que, agora que estou morto, a minha marca registrada fosse isso de rimar.
- Ah, mas isso é muito chato.
- Eu sei. Vamos, vamos trabalhar no seu hambúrguer.
- É assim que eu gosto.

***


Tablita percebeu que tudo estava indo longe demais. Achou isso bem perigoso, pois gosta de saber exatamente o tipo de loucura em que se metia e parecia que nesses últimos dias ela estava indo com a maré, sem se preocupar com o futuro. Isso era algum sinal.

- Quando você esteve na casa de Lita Ree, viu algo que possa ser meu artefato? - Larry Blotter sabia que a garota escondia algo.
- O que exatamente vem a ser esse tal de artefato? - Tablita não queria cooperar com o garoto estranho. Mas também não queria morrer. Ia jogar o jogo dele.
- É um objeto que aumenta os poderes do mago que o utiliza.
- Hum. - Tablita começou a pensar no que havia visto de legal na casa de Lita Ree.
- E então? Viu algo assim?
- O artefato pode ser um utensílio de cozinha? - Ela se lembrou de algo diferente.
- Claro. Esses são os melhores artefatos.
- Pode ser um bule?
- Bule?
- É. Um Bule de café.
- Não pode ser.
- Não? Então tá.
- Não. Pode ser sim. Eu quis ser dramático.
- Ah, entendi.
- Mas, voltando ao assunto. Não me diga que a Lita Ree possui o bule de café da eternidade e supressão de ruído?
- Olha, da eternidade eu não sei. Mas não fazia nenhum barulho mesmo. - Lembrava-se do bule exatamente por esse pequeno detalhe estranho.
- Meu Deus! É o bule de café da eternidade e supressão de ruído.
- O que tem de tão bom nesse bule?
- Se você tomar o café feito nesse bule, você se torna imortal.
- Nossa! E a supressão de ruído?
- É só pra não fazer barulho mesmo.

***


Junto com Bartholomeus, Ricardo Soares conseguiu bolar uma receita de hambúrguer maravilhosa. Subiu o pico da ingrimidade e solidariedade e foi mostrar sua invenção a Vladmir, o mago descuidado cozinheiro da terra de HAQMECPPG.

- Meu Deus. Isso é incrível.
- Gostou, murmeido? - Ricardo Soares sabia que havia feito um bom trabalho, pois provara o sanduíche e estava realmente muito bom. O fantasma foi camarada mesmo e o ajudou bastante.
- Muito. Isso está sensacional.
- Eu sei.
- Você acertou em cheio a combinação. Isso foi a melhor coisa que já comi. - Vladmir estava realmente adorando o sanduíche.
- E ai? Consegui o artefato?
- Claro, claro que sim. Mas com uma condição.
- Qual condição, papito?
- Você deve me dar os direitos desse hambúrguer.
- Ah, só isso? Considere feito.
- Oh, que bom. Agora vou poder abrir meu negócio próprio. Um fast-food.
- Que legal cara.
- Só não sei como vai se chamar.
- Eu sei como você deve escolher o nome do seu place.
- Como?
- Pense nas duas coisas que você mais gosta e misture-as.
- Vamos ver... Gosto de rap, de cantores de rap.
- Os MCs?
- Isso. E também do Pato Donald.
- Pronto. Agora junte os dois e crie seu nome.
- Que boa idéia. Vou fazer isso.
- Mas agora devo ir. Você pode me passar o artefato?
- Ah, sim, sim. Tome. A espátula da consciência e inconsciência múltipla.
- Nossa. Que legal.
- Não é só legal. Com essa espátula você pode entrar nos sonhos das pessoas.
- Vlad, isso é belozóide. Muito obrigado.
- De nada. Obrigado pela receita do sanduíche número um do meu restaurante, o Pato MC. - Quando Vladmir disse o nome do seu restaurante Ricardo fez uma cara feia.
- Ah, não gostei do nome. - Realmente Pato MC não era um nome legal.
- Não? Pensarei em outro.

Capítulo 1

Tablita, loira/morena, bonita/mais ou menos, magra, lenta, sem lente nos olhos, cansada de não ser sexy, era uma garota muito arteira. Paneleira de plantão, panelava por ai. Panelando encontrou Ricardo Soares, mano.

Eles sentiram que algo aconteceu, mas nunca disseram. Entreolharam-se e no entreolhar algo entreaconteceu. Era a paixão, o amor e um gostinho de quero mais. Eles se falaram:

-E ai? – Disse Tablita, solenemente.
-Beleza? – Ricardo tentava parecer cool.

Ricardo Soares não era somente um mano. Era um manão. Emanava um cheiro de azeite. Trabalhava com botas pré-fabricadas. Era um pós-fabricador. Depois de sete dias de pura conversa pelo telefone, resolveram sair pelo mundo em busca de aventuras e da roda dourada da justiça.

A roda dourada da justiça não te dava somente algo que você nunca espera, mas quer. Dava-te também algo que você quer e nunca espera, como um acesso de riso na porta do aeroporto de sua preferência.

Depois de atravessar inúmeras cinco florestas, incontáveis dois bosques, numeráveis n mundos do Sonic, Tablita se viu perdida na floresta do auto-encontro. Ricardo Soares estava visitando seu irmão e perdeu a ação, mas se emocionou. Depois de utilizar mal sucedidamente o dispositivo do encontro imediato, Tablita demorou a encontrar-se. Mas já era tarde.

A dona da floresta do auto-encontro, Lita Ree, abaixou-se e deu um safanão em Tablita, deixando a garota desacordada por horas.

Ao longe, Ricardo Soares ouviu de perto o som longinquamente abafado do desacordameto de Tablita. Despediu-se de Jô e foi-se, dizendo:

- Um beijo do fortinho.

Cavalgando nu, sentiu uma longa falta de roupas, mas não desistiu. Vestiu seu casaco de peles francesas, de Portugal, no Japão e prosseguiu. Foi, foi, foi, foi, voltou um pouco. Foi pelo outro lado e se deparou com a grande e poderosa muralha de Pernambuco.

Encontrou um aldeão, chamado Tião, o aldeão e perguntou:

- E aí? Como faço pra passar por essas muralhas, mano? - Ricardo tentava conversar no dialeto que achava pertinente para se dar bem com o aldeão.
- Ah, esse é o maior segredo do mundo. - O aldeão era esperto. Não daria a informação a Ricardo Soares tão facilmente.
- Conte-me, ó aldeão. – Ricardo implorava.
- Não posso, ó Mano.
- Faça-me esse favor, ó servo de Deus.
- Can’t do it, bro.

Sem conseguir do aldeão uma resposta satisfatória a sua pergunta, Ricardo Soares decidiu abrir a estranha portinhola localizada no meio da muralha.
Se espantou com o que viu.

***


Lita Ree era uma maravilha. Maravilhosa, maravilinda, mais ou menos legal, muito preocupada com a fauna e flora local e com os horários de suas séries prediletas.

Odiava visitas, mas fazia um chá gostosíssimo e conseguia perceber a ironia.

Enquanto esperava a estranha garota se recuperar da pancada, fazia um cafezinho.
Tablita acordou afoita e disse:

- Nossa! Que cheiro de café gostoso. – Tablita adorava café.
Lita percebeu que a prisioneira não era tão ruim assim, pois conseguia distinguir um bom cheiro de café e logo disse:
- O que está fazendo na minha floresta do auto-encontro?
- Nada. Tinha me perdido de meu amado.
- Uau. Você é especial. – Lita Ree estava realmente abismada.
- Eu sei. Tenho um amado que me ama e é amado por mim que amo ele.
- Não, não.
- Sim. É verdade. – Tablita não estava entendendo nada. Uma louca havia batido nela, a levado para um lugar estranho e ainda não acreditava que a garota possuia um amado.
- Não, não é isso. – Lita tentava explicar.
- Sim, é isso.
- Você é especial porque ficou perdida num lugar em que ninguém se perde, tudo é encontrado automaticamente.
- Ah, é?
- Porque você acha que a floresta se chama auto-encontro?
- Sei lá. Porque ela se encontrou espiritualmente, fisicamente, algo do gênero.
- Hum... Não. Mas agora tenho que te matar.
- Por quê? – Tablita ficou abismada.
- Porque você viu meu verdadeiro rosto.

***


O que Ricardo viu era um Bigoldxugo. Criatura mágica que se compõe de meio ser humano velhinho, meio texugo gigante e um pouquinho de gergelim. Com essa visão, Ricardo Soares ficou embasbacado. Se basbacando conseguiu escutar o som que provinha do ser, como se escutasse uma voz que viesse de uma coisa que fala, mas não é uma pessoa.

- Finalmente alguém conseguiu chegar aos confins da Grande muralha de Pernambuco. - A voz do ser até que era bem comum, para a surpresa de Ricardo.
- Yes bro. – Ricardo tentava ser cool, para não demostrar seu receio.
- Como chegou aqui, ó murmeido?
- Abri a portinhola.
- Mas falastes a senha para Tião, o aldeão? – Bigoldxugo estava um pouco cabreiro.
- Não. Ele não pediu.
- Mas não é assim que funciona. Ele não pede. - O monstro falava com um pouco raiva na voz.
- Espere. Qual é a senha? Posso ter falado sem querer. - Ricardo percebeu que o mostro estava um pouco irritado com Tião e quis tentar aliviar a barra.
- 1234.
- Ah, não. Não falei. - Pensou em dizer que havia falado a frase, mas não queria mentir. Vai que o mostro checa a informação com Tião.
- Esse Tião, o aldeão, já ta me dando nos nervos. Um dia o vi saindo do posto, acredita?
- Ah, acredito. Os trabalhadores estão assim hoje. Não respeitam mais nada. - Agora o rapaz queria criar um bom ambiente com o monstro, deixara pra lá a idéia de ajudar o aldeão.
- É mesmo, mano?
- É, Bigold.
- Esse mundo está louco.
- É.
- Então você quer a roda dourada da justiça?
- Como sabe? – Agora era Ricardo quem estava cabreiro.
- Ela está aqui.
- Ah é?
- Não sabia e mesmo assim veio? Você é especial.
- Sim, tenho uma amada que me ama e é amada por mim que amo ela.
- Não.
- Sim.
- É mesmo? Você tem uma amada?
- Tenho.
- Sou tão sozinho.
- Ah é?

***


Com essa afirmação Tablita gelou-se por dentro. Acendeu sua fogueira das vaidades interna e se esquentou, somente para pensar num plano para ter sua vida poupada.

- Espere um pouco. Deve ter um jeito de você poupar minha vida.
- Tem um tanto de jeito, mas eu não quero poupar sua vida.
- Lita, não faça isso comigo. Vamos pensar numa saída!
- Não. A única saída em que quero pensar é a do meu facão do seu coração.
- O que?
- Meu facão. É que pensei em te matar com um facão.
- Ah tá.
- Então vamos lá?
- Não! Espere! Proponho um desafio de adivinhações!
- Oh, Meu Deus! Não posso recusar um desafio de adivinhações. – Esse era o ponto fraco de Lita Ree.
- Ah rá. Let’s go girl. – Tablita sentia-se confiante.
- Eu começo. O que é um grande homem velho com um texugo gigante acoplado? – Lita Ree também sentia-se confiante.
- Ah, fácil. Um Bigoldxugo. – Tablita respondia sem pestanejar.
- Hum. Você é boa. – Lita estava gostando daquilo.
- Minha vez. O que é um carbono bem “grippado”?
- A raquete de tênis do Roger Federer.
- Boa. – Tablita sempre brincava de advinhações quando criança e nunca achara alguém a sua altura. Lita Ree parecia ser essa pessoa. O problema era esse negócio de morte, porque senão elas poderiam ser amigas.
- O que é um pontinho verde na grama? – Lita pensou que ia pegar Tablita agora.
- Um pedaço redondo de grama.
- Uau.
- O que é um mano perdido na guerra do Paraguai?
- Um manoamba.
- Lita, você é incrível.
- Você também é boa. Mas agora vou te pegar. O que é um destiny’s child gordo num barco?
- Um gordito em auto-mar.
- Nossa! Garota, você foi a primeira a acertar essa! – Lita Ree reconheceu que Tablita era uma adversária à altura.
- Ah rá. Agora vou abalar. O que é um pernilongo?
- O que? – Lita não acreditava.
- Você ouviu. – Tablita percebeu que Lita estava nervosa.
- Nossa. É... Hum... Espere um pouco. – Lita estava desconcertada. Não sabia a resposta.
- Seu tempo está acabando. – Tablita estava próxima de vencer. Sentia-se muito bem. Iria se salvar.
- Ah... é... hum... Não, eu não aceito isso! – Lita entendeu o que acontecera.
- Porque não?
- Porque é injusto. Nunca ouvi falar nisso.
- Gente! É tão simples. – Tablita queria sair de lá o quanto antes. Não podia morrer alí.
- Então me diga. O que é um pernilongo? – Lita imaginou que Tablita estava blefando.
- É... hum...

***


Depois de passar um bom tempo ensinando o Bigoldxugo a se portar e levando-o a encontros com garotas, animais, texugos e gergelins, Ricardo Soares conseguiu finalmente adquirir a roda dourada da justiça. Passando a mão na roda, Ricardo foi levado automaticamente ao Japão dois, copia feita pelos japoneses do Japão, muito invejado pelos norte-americanos.

- Ei. – Disse Ricardo, ao avistar uma pessoa.
- Olá. – Respondeu um rapaz estranho.
- Onde estou?
- No Japão dois.
- Ah, tá. É a cópia do Japão, né?
- É.
- Hum. Não sei porque estou aqui.
- Hum. Que pena.

***


Não sabendo responder a sua própria pergunta, Tablita tentou pedir perdão à grande Lita Ree, mas ela não quis escutar. Como não conseguia perdoar aqueles que a traiam, Lita raciocinou que deveria matar Tablita de uma vez por todas e o pensamento de que talvez as duas pudessem ser amigas se evaporou de sua cabeça. Com o facão em mãos, Lita Ree estava a um pequeno facadar de matar nossa grandiosa heroína quando sofreu um súbito calafrio.

- Alguém encostou na roda dourada da justiça! - Lita parecia bem abalada.
- Oh! Foi Ricardo Soares, tenho certeza. - Um sentimento de esperança começava a brotar em Tablita.
- Nossa, deixa de ser idiota.
- Por quê?
- Qual é o problema com essas mocinhas das histórias que sempre acham que seus amados fazem as todas as coisas que qualquer um fala que aconteceu?
- Tenho certeza de que foi ele.
- Por quê?
- Eh... Porque sim, ué. - Na verdade, Tablita não tinha certeza de nada.
- Ta vendo! Você não sabe. Não tem um motivo para acreditar que foi ele. - Lita Ree sentia que havia desmascarado todas as donzelas que acreditam nessa besteira.
- Tenho sim. Ricardo Soares foi atrás da roda para me salvar.
- E você está a salvo, por um acaso?
- Estou. Desde que você percebeu que alguém encostou na Roda.
- Hum. Até que faz sentido.
- Viu?
- Mas, se eu quiser te fazer ficar em perigo novamente, eu consigo.
- Não, não consegue.
- Por quê?
- Porque meu amado me salvou.
- É, pode ser.
- Com certeza.
- Então tá. Pode ir embora.
- Mesmo?
- É, ué. Você já ta salva, eu não posso fazer nada.
- Então ta. Tchau Lita Ree. Gostei muito de você.
- Eu também, garota. Eu também.