quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Capítulo 3

Tablita já não aguentava mais aquele cativeiro. Queria dormir. Dormir e sonhar com seu amado e esquecer todo esse problema que apareceu em sua vida. Larry Blotter já estava dormindo. Dormindo e pensando em Lita Ree e no bule da eternidade e supressão de ruído.

Vendo isso, Tablita pensou que essa seria sua grande chance de escapar. Viu que as chaves de sua cela estavam perto. Poderia alcançá-las se fizesse um esforço. Depois de pegar as chaves, abriu sua cela. Na hora de escapar um vulto surgiu na sua frente. Tablita não podia acreditar. Era Lita Ree.

- Lita. O que está fazendo aqui? - Tablita estava espantada e maravilhada. Tudo ao mesmo tempo.
- Vim te salvar, bonequinha. - Lita Ree realmente havia gostado da garota. Estava surpresa com isso.
- Lita, Je te adore.
- Também estou com sono.
- Não.
- Sim. Agora vamos.
- Vamos. Vamos sair daqui e achar Ricardo Soares.

No exato momento em que as meninas se encontram, Larry Blotter deu uma remexida em sua cama. Remexeu mas não acordou. Parecia que algo havia acontecido em seu sonho. Algo que o perturbou. Para sempre.

- Ih, vamos sair rápido que esse cara tá muito estranho.
- Vamos, Lita.

Momentos antes de Tablita fugir com Lita Ree, Ricardo Soares planejou entrar em seus sonhos para saber onde sua amada se encontrava e dizer que estava tudo bem.

Como Tablita não dormiu direito, Ricardo Soares foi reenviado para o sonho mais próximo, o de Larry Blotter. Era tudo estranho. Vários bules, de todas as cores e formatos, que não apitavam, dando a vida eterna para um menino de óculos e cicatriz no queixo.

- Quem é você que interrompe meu sonho? - O imortal Larry, pelo menos no sonho, era um pouco mais imponente que na vida real.
- Sou Ricardo Soares. - Apesar de toda a imponência de Larry, Ricardo estava tranquilo.
- Da família Soares, que povoa o mundo de modo digno?
- Sim. - O rapaz gostava que sua família era conhecida mundialmente.
- Conheço seu avô.
- Bart Soares?
- Que Bart o que. Bartholomeus. O palhaço mago descuidado cozinheiro que fez o hambúrguer perfeito.
- Bartholomeus? Hambúrguer perfeito? - Ricardo começava a desconfiar de algo.
- Isso. Ele é muito famoso.
- Gente, será que o fantasma que me ajudou a ganhar a espátula da consciência e inconsciência múltipla é esse cara?
- Você tem a espátula da consciência e inconsciência múltipla? - Larry ficou muito assustado com essa revelação.
- Tenho. É por isso que estou em seu sonho.
- E o que você faz em meu sonho?
- Ah, foi um engano. Queria entrar no sonho de minha amada, mas sem querer fui parar no seu. Estranho né?
- É. - Larry não achava tão estranho assim. Estava desconfiando de algo. Não era apenas coincidência.
- Ah, então tchau. Vou ver se acho o sonho de minha amada.
- Espere. Qual o nome de sua amada? - Larry parecia ter matado a charada.
- Ah... é Tablita.
- Tablita? - Havia acertado em cheio.
- Isso. Por quê?
- Nada não.

***

Tablita e Lita Ree estavam correndo. Correndo e conversando sem parar.

- Ele é bonito. Mas prefiro o Brad Pitt. - Tablita se divertia horrores com Lita Ree.
- É. Ele é bonitão mesmo. Mas eu gosto é de morenos.
- Ah.
- E Ricardo Soares? É bonitão?
- Muito. Tipo um Deus grego.
- Alemão?
- Não, grego.
- Ah tá.
- E esse Larry Blotter?
- Ah, ele é feio. - Lita fez uma cara feia.
- Não. O que ele quer com você?
- Quer meu artefato.
- Isso ele me falou. Mas por quê?
- Porque ele quer tomar conta do meu pico.
- O seu pico?
- É, o pico da ingrimidade e solidariedade.
- E o que tem de bom nesse pico?
- Nada. É só o status.
- E onde fica esse pico?
- No Japão Dois.
- Ah. Ricardo Soares já me falou do Japão Dois.

***

Ricardo Soares não conseguia encontrar o sonho de sua amada. O motivo podia ser que Lita Ree e Tablita estavam tendo uma festa do pijama e ficariam acordadas a noite toda.

Desistiu dessa sua idéia e resolveu ir atrás do segundo artefato para sair logo do Japão Dois. Passou por uma floresta que continha plantações de pequenos bolos quentes e sorvetes. Encontrou novamente o mago descuidado cozinheiro.

- O modo de falar é tipo polido? - Agora Ricardo tomava cuidado, pois não era todo mundo no Japão dois que aceitava seu modo de falar.
- Não, bolotinha. É casual chique. - O mago descuidado cozinheiro era do tipo amigão.
- Ah. Mucho gusto.
- Mucho mesmo.
- Tens o artefato para dar-me?
- Tenho. Queres ganhá-lo de modo feliz?
- Sim.
- Quer ficar na hipe dos amantes de artefatos?
- Não. Só quero achar minha amada.
- Ah.
- Vou coletar os artefatos e ir encontrá-la.
- Understand. Vamos ao teste?
- Vamos. O que eu devo cozinhar dessa vez?
- Cozinhar? Nada. Esse é um teste escrito. De Biologia.
- Nossa. Pra isso eu não estou preparado. - Ricardo Soares não era um bom aluno de biologia. Até gostava da matéria, mas não era perito.
- É de múltipla escolha.
- Ah. Melhorou. - Agora poderia contar com a sorte, alem de seus poucos conhecimentos sobre o assunto.
- Toma a prova. Boa sorte. Se eu te pegar colando você não passa de ano.
- Ok. Vou fazer a prova de forma sensata.
- Espero de coração.

***

Depois de fazer uma festança, se divertir horrores, Tablita ficou um pouco triste. Queria seu amado do seu lado. Lita Ree percebeu isso e perguntou:

- Está com saudades do Deus alemão?
- Grego. Deus grego.
- Isso. Está triste por causa dele?
- Sim. Quero encontrá-lo logo.
- Vou arrumar isso pra você.
- Como?
- Com a ajuda da esfera redonda bolotinha que te mostra as coisas.
- Uma bola de cristal?
- Isso.
- E isso existe mesmo?
- Claro.

***

Não sabendo nenhuma resposta para nenhuma pergunta, Ricardo Soares se achava perdido. Tão perdido que se estivesse na floresta do auto-encontro não se encontraria.

Estava desesperado e com coceira. Se coçando, utilizando sua espátula, teve uma idéia. Ia entrar num sonho de um biólogo e ver se ele tinha as respostas para as perguntas da prova.

- Quem é você? - O rapaz estava assustado com aquela aparição no meio de seu sonho.
- Meu nome é Ricardo Soares e preciso de sua ajuda.
- Como você entrou no meu sonho?
- Com a espátula da consciência e inconsciência múltipla.
- Ah.
- Me responde algumas perguntas?
- Sobre o que?
- Biologia.
- Manda truta.

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