Tablita, loira/morena, bonita/mais ou menos, magra, lenta, sem lente nos olhos, cansada de não ser sexy, era uma garota muito arteira. Paneleira de plantão, panelava por ai. Panelando encontrou Ricardo Soares, mano.
Eles sentiram que algo aconteceu, mas nunca disseram. Entreolharam-se e no entreolhar algo entreaconteceu. Era a paixão, o amor e um gostinho de quero mais. Eles se falaram:
-E ai? – Disse Tablita, solenemente.
-Beleza? – Ricardo tentava parecer cool.
Ricardo Soares não era somente um mano. Era um manão. Emanava um cheiro de azeite. Trabalhava com botas pré-fabricadas. Era um pós-fabricador. Depois de sete dias de pura conversa pelo telefone, resolveram sair pelo mundo em busca de aventuras e da roda dourada da justiça.
A roda dourada da justiça não te dava somente algo que você nunca espera, mas quer. Dava-te também algo que você quer e nunca espera, como um acesso de riso na porta do aeroporto de sua preferência.
Depois de atravessar inúmeras cinco florestas, incontáveis dois bosques, numeráveis n mundos do Sonic, Tablita se viu perdida na floresta do auto-encontro. Ricardo Soares estava visitando seu irmão e perdeu a ação, mas se emocionou. Depois de utilizar mal sucedidamente o dispositivo do encontro imediato, Tablita demorou a encontrar-se. Mas já era tarde.
A dona da floresta do auto-encontro, Lita Ree, abaixou-se e deu um safanão em Tablita, deixando a garota desacordada por horas.
Ao longe, Ricardo Soares ouviu de perto o som longinquamente abafado do desacordameto de Tablita. Despediu-se de Jô e foi-se, dizendo:
- Um beijo do fortinho.
Cavalgando nu, sentiu uma longa falta de roupas, mas não desistiu. Vestiu seu casaco de peles francesas, de Portugal, no Japão e prosseguiu. Foi, foi, foi, foi, voltou um pouco. Foi pelo outro lado e se deparou com a grande e poderosa muralha de Pernambuco.
Encontrou um aldeão, chamado Tião, o aldeão e perguntou:
- E aí? Como faço pra passar por essas muralhas, mano? - Ricardo tentava conversar no dialeto que achava pertinente para se dar bem com o aldeão.
- Ah, esse é o maior segredo do mundo. - O aldeão era esperto. Não daria a informação a Ricardo Soares tão facilmente.
- Conte-me, ó aldeão. – Ricardo implorava.
- Não posso, ó Mano.
- Faça-me esse favor, ó servo de Deus.
- Can’t do it, bro.
Sem conseguir do aldeão uma resposta satisfatória a sua pergunta, Ricardo Soares decidiu abrir a estranha portinhola localizada no meio da muralha.
Se espantou com o que viu.
Lita Ree era uma maravilha. Maravilhosa, maravilinda, mais ou menos legal, muito preocupada com a fauna e flora local e com os horários de suas séries prediletas.
Odiava visitas, mas fazia um chá gostosíssimo e conseguia perceber a ironia.
Enquanto esperava a estranha garota se recuperar da pancada, fazia um cafezinho.
Tablita acordou afoita e disse:
- Nossa! Que cheiro de café gostoso. – Tablita adorava café.
Lita percebeu que a prisioneira não era tão ruim assim, pois conseguia distinguir um bom cheiro de café e logo disse:
- O que está fazendo na minha floresta do auto-encontro?
- Nada. Tinha me perdido de meu amado.
- Uau. Você é especial. – Lita Ree estava realmente abismada.
- Eu sei. Tenho um amado que me ama e é amado por mim que amo ele.
- Não, não.
- Sim. É verdade. – Tablita não estava entendendo nada. Uma louca havia batido nela, a levado para um lugar estranho e ainda não acreditava que a garota possuia um amado.
- Não, não é isso. – Lita tentava explicar.
- Sim, é isso.
- Você é especial porque ficou perdida num lugar em que ninguém se perde, tudo é encontrado automaticamente.
- Ah, é?
- Porque você acha que a floresta se chama auto-encontro?
- Sei lá. Porque ela se encontrou espiritualmente, fisicamente, algo do gênero.
- Hum... Não. Mas agora tenho que te matar.
- Por quê? – Tablita ficou abismada.
- Porque você viu meu verdadeiro rosto.
O que Ricardo viu era um Bigoldxugo. Criatura mágica que se compõe de meio ser humano velhinho, meio texugo gigante e um pouquinho de gergelim. Com essa visão, Ricardo Soares ficou embasbacado. Se basbacando conseguiu escutar o som que provinha do ser, como se escutasse uma voz que viesse de uma coisa que fala, mas não é uma pessoa.
- Finalmente alguém conseguiu chegar aos confins da Grande muralha de Pernambuco. - A voz do ser até que era bem comum, para a surpresa de Ricardo.
- Yes bro. – Ricardo tentava ser cool, para não demostrar seu receio.
- Como chegou aqui, ó murmeido?
- Abri a portinhola.
- Mas falastes a senha para Tião, o aldeão? – Bigoldxugo estava um pouco cabreiro.
- Não. Ele não pediu.
- Mas não é assim que funciona. Ele não pede. - O monstro falava com um pouco raiva na voz.
- Espere. Qual é a senha? Posso ter falado sem querer. - Ricardo percebeu que o mostro estava um pouco irritado com Tião e quis tentar aliviar a barra.
- 1234.
- Ah, não. Não falei. - Pensou em dizer que havia falado a frase, mas não queria mentir. Vai que o mostro checa a informação com Tião.
- Esse Tião, o aldeão, já ta me dando nos nervos. Um dia o vi saindo do posto, acredita?
- Ah, acredito. Os trabalhadores estão assim hoje. Não respeitam mais nada. - Agora o rapaz queria criar um bom ambiente com o monstro, deixara pra lá a idéia de ajudar o aldeão.
- É mesmo, mano?
- É, Bigold.
- Esse mundo está louco.
- É.
- Então você quer a roda dourada da justiça?
- Como sabe? – Agora era Ricardo quem estava cabreiro.
- Ela está aqui.
- Ah é?
- Não sabia e mesmo assim veio? Você é especial.
- Sim, tenho uma amada que me ama e é amada por mim que amo ela.
- Não.
- Sim.
- É mesmo? Você tem uma amada?
- Tenho.
- Sou tão sozinho.
- Ah é?
Com essa afirmação Tablita gelou-se por dentro. Acendeu sua fogueira das vaidades interna e se esquentou, somente para pensar num plano para ter sua vida poupada.
- Espere um pouco. Deve ter um jeito de você poupar minha vida.
- Tem um tanto de jeito, mas eu não quero poupar sua vida.
- Lita, não faça isso comigo. Vamos pensar numa saída!
- Não. A única saída em que quero pensar é a do meu facão do seu coração.
- O que?
- Meu facão. É que pensei em te matar com um facão.
- Ah tá.
- Então vamos lá?
- Não! Espere! Proponho um desafio de adivinhações!
- Oh, Meu Deus! Não posso recusar um desafio de adivinhações. – Esse era o ponto fraco de Lita Ree.
- Ah rá. Let’s go girl. – Tablita sentia-se confiante.
- Eu começo. O que é um grande homem velho com um texugo gigante acoplado? – Lita Ree também sentia-se confiante.
- Ah, fácil. Um Bigoldxugo. – Tablita respondia sem pestanejar.
- Hum. Você é boa. – Lita estava gostando daquilo.
- Minha vez. O que é um carbono bem “grippado”?
- A raquete de tênis do Roger Federer.
- Boa. – Tablita sempre brincava de advinhações quando criança e nunca achara alguém a sua altura. Lita Ree parecia ser essa pessoa. O problema era esse negócio de morte, porque senão elas poderiam ser amigas.
- O que é um pontinho verde na grama? – Lita pensou que ia pegar Tablita agora.
- Um pedaço redondo de grama.
- Uau.
- O que é um mano perdido na guerra do Paraguai?
- Um manoamba.
- Lita, você é incrível.
- Você também é boa. Mas agora vou te pegar. O que é um destiny’s child gordo num barco?
- Um gordito em auto-mar.
- Nossa! Garota, você foi a primeira a acertar essa! – Lita Ree reconheceu que Tablita era uma adversária à altura.
- Ah rá. Agora vou abalar. O que é um pernilongo?
- O que? – Lita não acreditava.
- Você ouviu. – Tablita percebeu que Lita estava nervosa.
- Nossa. É... Hum... Espere um pouco. – Lita estava desconcertada. Não sabia a resposta.
- Seu tempo está acabando. – Tablita estava próxima de vencer. Sentia-se muito bem. Iria se salvar.
- Ah... é... hum... Não, eu não aceito isso! – Lita entendeu o que acontecera.
- Porque não?
- Porque é injusto. Nunca ouvi falar nisso.
- Gente! É tão simples. – Tablita queria sair de lá o quanto antes. Não podia morrer alí.
- Então me diga. O que é um pernilongo? – Lita imaginou que Tablita estava blefando.
- É... hum...
Depois de passar um bom tempo ensinando o Bigoldxugo a se portar e levando-o a encontros com garotas, animais, texugos e gergelins, Ricardo Soares conseguiu finalmente adquirir a roda dourada da justiça. Passando a mão na roda, Ricardo foi levado automaticamente ao Japão dois, copia feita pelos japoneses do Japão, muito invejado pelos norte-americanos.
- Ei. – Disse Ricardo, ao avistar uma pessoa.
- Olá. – Respondeu um rapaz estranho.
- Onde estou?
- No Japão dois.
- Ah, tá. É a cópia do Japão, né?
- É.
- Hum. Não sei porque estou aqui.
- Hum. Que pena.
Não sabendo responder a sua própria pergunta, Tablita tentou pedir perdão à grande Lita Ree, mas ela não quis escutar. Como não conseguia perdoar aqueles que a traiam, Lita raciocinou que deveria matar Tablita de uma vez por todas e o pensamento de que talvez as duas pudessem ser amigas se evaporou de sua cabeça. Com o facão em mãos, Lita Ree estava a um pequeno facadar de matar nossa grandiosa heroína quando sofreu um súbito calafrio.
- Alguém encostou na roda dourada da justiça! - Lita parecia bem abalada.
- Oh! Foi Ricardo Soares, tenho certeza. - Um sentimento de esperança começava a brotar em Tablita.
- Nossa, deixa de ser idiota.
- Por quê?
- Qual é o problema com essas mocinhas das histórias que sempre acham que seus amados fazem as todas as coisas que qualquer um fala que aconteceu?
- Tenho certeza de que foi ele.
- Por quê?
- Eh... Porque sim, ué. - Na verdade, Tablita não tinha certeza de nada.
- Ta vendo! Você não sabe. Não tem um motivo para acreditar que foi ele. - Lita Ree sentia que havia desmascarado todas as donzelas que acreditam nessa besteira.
- Tenho sim. Ricardo Soares foi atrás da roda para me salvar.
- E você está a salvo, por um acaso?
- Estou. Desde que você percebeu que alguém encostou na Roda.
- Hum. Até que faz sentido.
- Viu?
- Mas, se eu quiser te fazer ficar em perigo novamente, eu consigo.
- Não, não consegue.
- Por quê?
- Porque meu amado me salvou.
- É, pode ser.
- Com certeza.
- Então tá. Pode ir embora.
- Mesmo?
- É, ué. Você já ta salva, eu não posso fazer nada.
- Então ta. Tchau Lita Ree. Gostei muito de você.
- Eu também, garota. Eu também.
Eles sentiram que algo aconteceu, mas nunca disseram. Entreolharam-se e no entreolhar algo entreaconteceu. Era a paixão, o amor e um gostinho de quero mais. Eles se falaram:
-E ai? – Disse Tablita, solenemente.
-Beleza? – Ricardo tentava parecer cool.
Ricardo Soares não era somente um mano. Era um manão. Emanava um cheiro de azeite. Trabalhava com botas pré-fabricadas. Era um pós-fabricador. Depois de sete dias de pura conversa pelo telefone, resolveram sair pelo mundo em busca de aventuras e da roda dourada da justiça.
A roda dourada da justiça não te dava somente algo que você nunca espera, mas quer. Dava-te também algo que você quer e nunca espera, como um acesso de riso na porta do aeroporto de sua preferência.
Depois de atravessar inúmeras cinco florestas, incontáveis dois bosques, numeráveis n mundos do Sonic, Tablita se viu perdida na floresta do auto-encontro. Ricardo Soares estava visitando seu irmão e perdeu a ação, mas se emocionou. Depois de utilizar mal sucedidamente o dispositivo do encontro imediato, Tablita demorou a encontrar-se. Mas já era tarde.
A dona da floresta do auto-encontro, Lita Ree, abaixou-se e deu um safanão em Tablita, deixando a garota desacordada por horas.
Ao longe, Ricardo Soares ouviu de perto o som longinquamente abafado do desacordameto de Tablita. Despediu-se de Jô e foi-se, dizendo:
- Um beijo do fortinho.
Cavalgando nu, sentiu uma longa falta de roupas, mas não desistiu. Vestiu seu casaco de peles francesas, de Portugal, no Japão e prosseguiu. Foi, foi, foi, foi, voltou um pouco. Foi pelo outro lado e se deparou com a grande e poderosa muralha de Pernambuco.
Encontrou um aldeão, chamado Tião, o aldeão e perguntou:
- E aí? Como faço pra passar por essas muralhas, mano? - Ricardo tentava conversar no dialeto que achava pertinente para se dar bem com o aldeão.
- Ah, esse é o maior segredo do mundo. - O aldeão era esperto. Não daria a informação a Ricardo Soares tão facilmente.
- Conte-me, ó aldeão. – Ricardo implorava.
- Não posso, ó Mano.
- Faça-me esse favor, ó servo de Deus.
- Can’t do it, bro.
Sem conseguir do aldeão uma resposta satisfatória a sua pergunta, Ricardo Soares decidiu abrir a estranha portinhola localizada no meio da muralha.
Se espantou com o que viu.
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Lita Ree era uma maravilha. Maravilhosa, maravilinda, mais ou menos legal, muito preocupada com a fauna e flora local e com os horários de suas séries prediletas.
Odiava visitas, mas fazia um chá gostosíssimo e conseguia perceber a ironia.
Enquanto esperava a estranha garota se recuperar da pancada, fazia um cafezinho.
Tablita acordou afoita e disse:
- Nossa! Que cheiro de café gostoso. – Tablita adorava café.
Lita percebeu que a prisioneira não era tão ruim assim, pois conseguia distinguir um bom cheiro de café e logo disse:
- O que está fazendo na minha floresta do auto-encontro?
- Nada. Tinha me perdido de meu amado.
- Uau. Você é especial. – Lita Ree estava realmente abismada.
- Eu sei. Tenho um amado que me ama e é amado por mim que amo ele.
- Não, não.
- Sim. É verdade. – Tablita não estava entendendo nada. Uma louca havia batido nela, a levado para um lugar estranho e ainda não acreditava que a garota possuia um amado.
- Não, não é isso. – Lita tentava explicar.
- Sim, é isso.
- Você é especial porque ficou perdida num lugar em que ninguém se perde, tudo é encontrado automaticamente.
- Ah, é?
- Porque você acha que a floresta se chama auto-encontro?
- Sei lá. Porque ela se encontrou espiritualmente, fisicamente, algo do gênero.
- Hum... Não. Mas agora tenho que te matar.
- Por quê? – Tablita ficou abismada.
- Porque você viu meu verdadeiro rosto.
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O que Ricardo viu era um Bigoldxugo. Criatura mágica que se compõe de meio ser humano velhinho, meio texugo gigante e um pouquinho de gergelim. Com essa visão, Ricardo Soares ficou embasbacado. Se basbacando conseguiu escutar o som que provinha do ser, como se escutasse uma voz que viesse de uma coisa que fala, mas não é uma pessoa.
- Finalmente alguém conseguiu chegar aos confins da Grande muralha de Pernambuco. - A voz do ser até que era bem comum, para a surpresa de Ricardo.
- Yes bro. – Ricardo tentava ser cool, para não demostrar seu receio.
- Como chegou aqui, ó murmeido?
- Abri a portinhola.
- Mas falastes a senha para Tião, o aldeão? – Bigoldxugo estava um pouco cabreiro.
- Não. Ele não pediu.
- Mas não é assim que funciona. Ele não pede. - O monstro falava com um pouco raiva na voz.
- Espere. Qual é a senha? Posso ter falado sem querer. - Ricardo percebeu que o mostro estava um pouco irritado com Tião e quis tentar aliviar a barra.
- 1234.
- Ah, não. Não falei. - Pensou em dizer que havia falado a frase, mas não queria mentir. Vai que o mostro checa a informação com Tião.
- Esse Tião, o aldeão, já ta me dando nos nervos. Um dia o vi saindo do posto, acredita?
- Ah, acredito. Os trabalhadores estão assim hoje. Não respeitam mais nada. - Agora o rapaz queria criar um bom ambiente com o monstro, deixara pra lá a idéia de ajudar o aldeão.
- É mesmo, mano?
- É, Bigold.
- Esse mundo está louco.
- É.
- Então você quer a roda dourada da justiça?
- Como sabe? – Agora era Ricardo quem estava cabreiro.
- Ela está aqui.
- Ah é?
- Não sabia e mesmo assim veio? Você é especial.
- Sim, tenho uma amada que me ama e é amada por mim que amo ela.
- Não.
- Sim.
- É mesmo? Você tem uma amada?
- Tenho.
- Sou tão sozinho.
- Ah é?
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Com essa afirmação Tablita gelou-se por dentro. Acendeu sua fogueira das vaidades interna e se esquentou, somente para pensar num plano para ter sua vida poupada.
- Espere um pouco. Deve ter um jeito de você poupar minha vida.
- Tem um tanto de jeito, mas eu não quero poupar sua vida.
- Lita, não faça isso comigo. Vamos pensar numa saída!
- Não. A única saída em que quero pensar é a do meu facão do seu coração.
- O que?
- Meu facão. É que pensei em te matar com um facão.
- Ah tá.
- Então vamos lá?
- Não! Espere! Proponho um desafio de adivinhações!
- Oh, Meu Deus! Não posso recusar um desafio de adivinhações. – Esse era o ponto fraco de Lita Ree.
- Ah rá. Let’s go girl. – Tablita sentia-se confiante.
- Eu começo. O que é um grande homem velho com um texugo gigante acoplado? – Lita Ree também sentia-se confiante.
- Ah, fácil. Um Bigoldxugo. – Tablita respondia sem pestanejar.
- Hum. Você é boa. – Lita estava gostando daquilo.
- Minha vez. O que é um carbono bem “grippado”?
- A raquete de tênis do Roger Federer.
- Boa. – Tablita sempre brincava de advinhações quando criança e nunca achara alguém a sua altura. Lita Ree parecia ser essa pessoa. O problema era esse negócio de morte, porque senão elas poderiam ser amigas.
- O que é um pontinho verde na grama? – Lita pensou que ia pegar Tablita agora.
- Um pedaço redondo de grama.
- Uau.
- O que é um mano perdido na guerra do Paraguai?
- Um manoamba.
- Lita, você é incrível.
- Você também é boa. Mas agora vou te pegar. O que é um destiny’s child gordo num barco?
- Um gordito em auto-mar.
- Nossa! Garota, você foi a primeira a acertar essa! – Lita Ree reconheceu que Tablita era uma adversária à altura.
- Ah rá. Agora vou abalar. O que é um pernilongo?
- O que? – Lita não acreditava.
- Você ouviu. – Tablita percebeu que Lita estava nervosa.
- Nossa. É... Hum... Espere um pouco. – Lita estava desconcertada. Não sabia a resposta.
- Seu tempo está acabando. – Tablita estava próxima de vencer. Sentia-se muito bem. Iria se salvar.
- Ah... é... hum... Não, eu não aceito isso! – Lita entendeu o que acontecera.
- Porque não?
- Porque é injusto. Nunca ouvi falar nisso.
- Gente! É tão simples. – Tablita queria sair de lá o quanto antes. Não podia morrer alí.
- Então me diga. O que é um pernilongo? – Lita imaginou que Tablita estava blefando.
- É... hum...
***
Depois de passar um bom tempo ensinando o Bigoldxugo a se portar e levando-o a encontros com garotas, animais, texugos e gergelins, Ricardo Soares conseguiu finalmente adquirir a roda dourada da justiça. Passando a mão na roda, Ricardo foi levado automaticamente ao Japão dois, copia feita pelos japoneses do Japão, muito invejado pelos norte-americanos.
- Ei. – Disse Ricardo, ao avistar uma pessoa.
- Olá. – Respondeu um rapaz estranho.
- Onde estou?
- No Japão dois.
- Ah, tá. É a cópia do Japão, né?
- É.
- Hum. Não sei porque estou aqui.
- Hum. Que pena.
***
Não sabendo responder a sua própria pergunta, Tablita tentou pedir perdão à grande Lita Ree, mas ela não quis escutar. Como não conseguia perdoar aqueles que a traiam, Lita raciocinou que deveria matar Tablita de uma vez por todas e o pensamento de que talvez as duas pudessem ser amigas se evaporou de sua cabeça. Com o facão em mãos, Lita Ree estava a um pequeno facadar de matar nossa grandiosa heroína quando sofreu um súbito calafrio.
- Alguém encostou na roda dourada da justiça! - Lita parecia bem abalada.
- Oh! Foi Ricardo Soares, tenho certeza. - Um sentimento de esperança começava a brotar em Tablita.
- Nossa, deixa de ser idiota.
- Por quê?
- Qual é o problema com essas mocinhas das histórias que sempre acham que seus amados fazem as todas as coisas que qualquer um fala que aconteceu?
- Tenho certeza de que foi ele.
- Por quê?
- Eh... Porque sim, ué. - Na verdade, Tablita não tinha certeza de nada.
- Ta vendo! Você não sabe. Não tem um motivo para acreditar que foi ele. - Lita Ree sentia que havia desmascarado todas as donzelas que acreditam nessa besteira.
- Tenho sim. Ricardo Soares foi atrás da roda para me salvar.
- E você está a salvo, por um acaso?
- Estou. Desde que você percebeu que alguém encostou na Roda.
- Hum. Até que faz sentido.
- Viu?
- Mas, se eu quiser te fazer ficar em perigo novamente, eu consigo.
- Não, não consegue.
- Por quê?
- Porque meu amado me salvou.
- É, pode ser.
- Com certeza.
- Então tá. Pode ir embora.
- Mesmo?
- É, ué. Você já ta salva, eu não posso fazer nada.
- Então ta. Tchau Lita Ree. Gostei muito de você.
- Eu também, garota. Eu também.
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