sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capítulo 6

Soares descobriu finalmente quem era seu pai. E estava a um passo de saber quem ele realmente era, de onde veio, como sua família passa o natal, seus costumes e loucuras, enfim, todas as perguntas que tinha em sua cabeça desde o dia em que descobriu que fora adotado pela família de Jô, Nô, Pô, Lô, Blá e Clá Soares.

Descobriu ainda mais. Era um mago. Descendente de uma grande família de magos. E que seu pai queria prendê-lo. Não sabia o que significava isso tudo.

***

As garotas ainda conversavam com Larry Blotter e não conseguiam acreditar no que ele estava dizendo. As palavras que saiam da boca de Larry eram horríveis.

- Saí de férias e resolvi pegar uma praia. Bronzear-me um pouquinho. - Dizia o rapaz mostrando seus braços bronzeados.
- Ah. Entendo.
- O que irá acontecer com meu amado?
- Isso eu não sei.
- O que você quis dizer quando falou que ele poderia estar em perigo?
- Que algo poderia acontecer com ele.
- O que?
- Já disse que não sei.
- Mas tá difícil uma conversa boa por aqui. - Lita estava achando complicado conseguir arrancar de Larry Blotter uma informação segura.
- Olha, sendo ele neto de Bartholomeus, filho de Garbarthier, tá bem enrascado.
- Mas ele é neto de Pô e filho de Nô.
-Essa é sua família de criação. Ele é descendente de uma raça de magos.
- Hum... Não estou gostando disso. - Lita Ree estava começando a ligar os pontos.
- Como assim, Lita?
- Nada não.
- E qual o problema de ter Bartholomeus como avô e Garbarthier como pai?
- É que uma maldição caiu sobre essa família.
- Maldição?
- Sim. Após praticar um ato proibido, Lorde Garbathier pôs sua família em risco.
- Como assim?
- Ele invocou um ser maligno supremo ao Japão Dois.
- Sim. É verdade. Eu também soube. - Enfim Larry estava contando algo útil.
- Que loucura.
- E, para destruí-lo, o pai de Garbathier, Bartholomeus, absorveu o monstro.
- Nossa. Mas aí tudo bem, né?
- Não. Lorde Kitchenbabe, irmão de Garbathier, morreu no processo.
- Nossa.
- E o monstro dentro de Bartholomeus pode acordar a quaquer hora.
- Que história terrível. Mas o que isso tem a ver com Ricardo?
- Ricardo é o último descendente dos Soares.
- Hum. Então é um problema mesmo.
- Só se ele cair nas mãos de Garbarthier.
- Ah, mas ele é forte.
- E tem um artefato para ajudá-lo. - Larry lembrou-se do sonho invadido.
- Não tem como Ricardo Soares ser pego por Garbarthier.

***

Enquanto os outros discutiam e criavam cenários prováveis em suas cabeças, e erravam completamente em suas previsões, Ricardo Soares tinha uma conversa bem interessante.

- Qual seu nome mesmo? - Ricardo Soares perguntava.
- Garbarthier.
- E foi você quem me pegou?
- Isso.
- E não vai me soltar?
- Não.
- Você sabe quem sou?
- Sei.
- Sabe que sou neto de Bartholomeus?
- Claro que sei.
- Sabe que sou seu filho?
- Hum-rum.
- Ah, então tá.

***

Tablita era uma pilha de nervos. Não sabia se ia ou se ficava. Não sabia se ficava ou se ia. Queria pedir ajuda aos seus novos amigos, mas achava isso meio sem educação.

- Olha. Sei que você acha meio sem educação pedir ajuda pra gente, mas nós vamos com você.
- Isso Lita. Eu também vou. - Larry tinha um plano em mente e precisava parecer amigável para concluí-lo.
- Ai gente, obrigada.
- Mas só vou se puder tomar um café antes. - O plano começava a ser colocado em prática.
- Ah, um café seria bom. - Tablita havia notado algo de estranho na situação. Mas gostava muito de café.
- Faz um café pra gente Lita. - Larry tentava conseguir o que queria. A vida eterna. E o artefato de Lita Ree.
- Não posso.
- Porque não?
- Porque estou sem açúcar.
- Ah, não tem problema, eu saio pra comprar.
- Ah, você faria isso, Larry? Que bom garoto.

E lá se foi Larry Blotter atrás do açúcar que traria a vida eterna para ele. O artefato de Lita Ree seria dele de uma vez por todas.

- Lita, o Larry tá te enganando pra roubar seu artefato.
- Eu sei.
- E o que você vai fazer?
- Vou enganá-lo para que ele nos leve facilmente para o Japão dois.
- Como assim?
- Ele conhece um caminho secreto para lá. E deve fugir por esse caminho depois de roubar meu artefato.
- Ah, entendi. Então você quer fazer com que ele ache que está roubando seu artefato e fuja para que a gente o siga?
- Isso mesmo.
- Que ótimo plano.
- Meninas! Voltei com o açúcar! - O garoto havia voltado todo feliz do mercado, pensando que iria enganar Lita Ree e Tablita e que conseguiria seu artefato sagrado.

***

Ricardo Soares estava frente a frente com seu pai. Tinha milhares de perguntas para fazer e sentia uma grande vontade de abraçá-lo. Mas também sentia um grande ódio, por ter sido abandonado e viver sem saber de onde vinha, quem realmente era.

- Você deve ter várias dúvidas em sua cabecinha oca. - Disse Lorde Garbathier em tom de brincadeira.
- Sim, pai. Tenho muitas dúvidas. - Ricardo Soares estava sério.
- Deve querer saber por que te abandonei.
- É realmente isso que quero saber.
- Deve querer saber por que te dei um nome tão comum.
- É, isso também. Na verdade nem tinha pensado nisso, mas é verdade.
- Deve querer saber por que te prendi.
- Isso. Quero saber tudo. Começando do principio. Porque você me abandonou?
- Olha, isso é bem fácil de explicar, mas você vai ter que ser paciente e cooperativo.
- Decido se vou ser cooperativo depois que ouvir a explicação.
- Hum. Você é bem durão heim?
- Sou nada, murmeido. Sou uma pessoa doce.

***

Com um saco de açúcar na mão, um bule de café na outra, Larry Blotter corria em direção ao caminho mais do que secreto em direção do Japão Dois, o bondinho muscular. Larry havia roubado o bule de café de Lita Ree, numa manobra muito arriscada de lançamentos de encantos mágicos e corridas loucas em direções opostas e perpendiculares.

Achou fácil o roubo e estava feliz com o artefato adquirido, mas não podia parar. Devia seguir rapidamente para o Japão Dois e ficar no lugar de Lita Ree, como um dos magos dos seis picos da ingrimidade e solidariedade.

Tablita e Lita Ree estavam seguindo de perto Larry Blotter e ele nem desconfiava. Fingiram que foram enganadas e entregaram a Larry um bule comum, sem nenhum poder e que apitava quando o café estava pronto.

- Ele nem desconfia que nós estejamos seguindo-o?
- Não. Ele é meio bobinho.
- Mas bem poderoso.
- É, mas sou melhor.
- Claro Lita. Você é a melhor de todas.
- Você acha? Realmente?
- Realmente não sei. Porque não conheço todas as magas, mas gosto muito do seu trabalho.
- Ah, muito obrigada. É o reconhecimento que dá forças, sabe?
- Sei. Sei muito bem.

***

Lorde Garbarthier tinha um argumento muito forte. Mas Ricardo Soares não ia se deixar enganar pela primeira historinha que seu pai lhe contasse, queria saber de tudo.

- Você me diz que rolou um problemas com meu avô? - A história contada não fazia muito sentido para Ricardo.
- Sim. Você não sabe o tamanho da encrenca.
- E você só fez o que fez, pois queria me tirar dessa encrenca?
- Isso. Queria que você fosse um menino normal. E não passasse por esse problema.
- E por isso me enviou para outra família?
- Sim. Mas fiquei de olho em você o tempo todo.
- Ficou? Como?
- Tinha um dispositivo meu perto de você.
- Aquela coruja de um olho só que ficava na árvore do lado do meu quarto era sua?
- Não. Isso é coisa do seu vô. Eu tinha uma câmera escondida no seu quarto.
- O que? - O rapaz havia se assustado com a revelação de seu pai. Trancado no seu próprio quarto, não achava que poderia estar sendo observado.
- Assim eu podia saber o que ocorria com você.
- É... hum... é... que... bom, né?
- Você adorava suas revistas heim? - Garbathier tinha grandes dúvidas acerca do que Ricardo fazia naqueles momentos.
- Ah, é... Gostava mesmo.
- Qual assunto era tratado nessas revistas?
- Ah, o de sempre, o normal.
- Celebridades?
- De certa maneira sim.
- É sempre bom saber o que se passa nesse mundo né?
- Demais. É um mundo lindo.
- Que bom.
- É.

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